A História da Flauta
A verdadeira origem da
flauta ainda está perdida nas brumas do tempo, pois
a cada nova descoberta dos arqueólogos ficamos ainda
mais perplexos com as diferenças e acabamento dos
artefatos encontrados. Até algum tempo atrás
e também por falta de algo que o comprovasse, achávamos
que as flautas remontavam a um passado recente. Eu mesmo,
se algo me fosse perguntado, diria que as flautas provavelmente
teriam surgido com os Gregos, Romanos ou Egípcios,
mas os arqueólogos agora nos dizem o contrário.
A flauta certamente era
um instrumento muito usado pelos Romanos Gregos e Etruscos.
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E também pelos Egípcios,
cujo nome era Nay.

A flauta Nay, também
conhecida como Nai, Nye, Nay, Gagri Tuiduk, ou Karghy Tuiduk
é o único instrumento de sopro utilizado na
musica Árabe.
A flauta Nay é considerada um instrumento de sopro
quase perfeito pelo fato de suas harmônicas se aproximarem
muito das harmônicas da voz humana.
Apesar disso sua construção é bastante
simples.
O som puro da Nay tem um lugar especial na musica Árabe,
tanto em apresentações solo como em orquestras.
Ela
é composta de seis furos para os dedos, um furo para
o dedão localizado na parte de baixo da flauta e
sua embocadura é parecida com a da Quena.
O uso das flautas Nay pelos Egípcios datam de muitos
mil anos AC e podem ser vistos desenhos de músicos
tocando a Nay dentro das Pirâmides, isso a torna um
dos instrumentos mais antigos ainda em uso.
Seu nome deriva da palavra Persa (Ney), que designa um tipo
de Bambu encontrado na região mediterrânea.
O desenvolvimento da flauta Nay esta intimamente ligada
à cultura Islâmica, onde além de um
instrumento popular também é considerada e
usada como um sério e sagrado instrumento ritualístico,
isso é muito expressivo, pois ela é usada
não só no dia a dia, mas também na
musica clássica, em rituais de busca por inspirações
místicas dos Dervishes, Sufís e iniciantes
de varias ramificações Islâmicas incluindo
Dervishes de danças circulares da Turquia.
Os Sufis e Desvishes na Truquia e Iran usam o som da Nay
para induzir estados de êxtase desde o século
11.
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É muito interessante
parar para pensar no que compreendemos como história
antiga. Se formos ver por esse prisma chegaremos até
5.000 anos AC, talvez um pouco mais. Mas é nesse
ponto que a história da flauta se torna mais interessante
porque foram encontradas flautas que datam de 6.000 até
45.000 anos de idade. Veja algumas fotos abaixo. |
Flautas de osso de mamute com 17 e 18 centímetros
encontradas por arqueólogos alemães na caverna
de Geibenklöuml próxima à cidade de Ulm
no sul da Alemanha. Nicholas Conard da Universidade de Tübingen,
Alemanha, e seus colegas reportaram a descoberta na última
edição da revista Archäologisches Korrespondenzblatt.
Eles dataram a idade das flautas entre 30.000 e 37.000 anos.
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Abaixo as fotos das seis
flautas encontradas pelo Institute of Cultural Relics and
Archaeology of Henan Province, Zhengzhou, China e datadas
de 7.000 anos. Clique sobre a imagem abaixo e visite o site
para ouvir o som dessas flautas!
É interessante saber
que o homem de neandertal já tocava flautas, ou melhor,
tinha o conhecimento de como fabricá-las, pois, comparado
com um osso, seria mais fácil fabricar o instrumento
em madeira. Quem sabe um dia os arqueólogos não
encontram uma flauta dessa idade feita de madeira. Se você
está pensando sobre a dificuldade em se fazer furos
no osso, tenha certeza que é muito difícil,
ainda mais naquela época que não existiam
ferramentas apropriadas...

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A flauta acima é também
conhecida como Jiahu Gudi e é o instrumento musical
conhecido mais velho da China, datando de aproximadamente
entre 6000 e 7000 anos.
Gudi literalmente significa "flauta de
osso."
Estas flautas de osso têm dimensões médias
de 20cm × 1.1cm (7.9 pol× 0.4 pol) e são
feitas do osso da asa de uma ave chamada corvo vermelho
coroado.
Eles tem a ponta aberta e variam no número dos
seus buracos de dedo, de um para oito.
A versão de 8 furos tem
sete buracos na frente e um buraco de polegar embaixo.
Os apitos de osso de Jiahu são
muito mais curtos do que as flautas, com comprimentos
de 5.7 a 10.5cm (2 a 4 pol), e tem só um par
de buracos.
O número de buracos e o espaçamento entre
os buracos determinou a variedade musical e escala ou
modo no qual a flauta foi destinada para tocar.
Os Shen acreditaram que os chineses entenderam "a
ressonância de uma coluna de ar" e foram
capazes de criar um instrumento que reproduzia a sua
"preferência de intervalo completa da música
chinesa".
Soprar através do buraco da flauta de osso para
produzir um som musical é realizado do mesmo
modo, e produz um efeito semelhante, ao de se soprar
através da toca de uma garrafa.
A flauta oito de furos pode tocar todos os intervalos
harmônicos e dois registros.
As flautas de osso também foram ao que parece
tocadas como parte de rituais de sacrificios e empregadas
na caça de pássaros.
As Gudi não são muito comuns agora, mas
há alguns músicos que ainda hoje as tocam.
Mais
info
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Os Japoneses tambem tem
a sua flauta tradicional e seu nome é...Shakuhachi.

O nome Shakuhachi é derivado de um antigo sistema
de medidas, Shakuhachi é uma corruptela da palavra
“i shaku ha sun” que literalmente significa
1.8 pés, a medida clássica desta flauta,
porem hoje em dia podemos encontrar essas flautas com
várias medidas.
A história moderna
tem a teoria de que as flautas de bambu cuja familia a
Shakuhachi tambem faz parte, vieram de longe, mais precisamente
do antigo Egito e se presume que tenham migrado para a
India e China antes de chegarem ao Japão por volta
do século sete.
A sua popularidade, contudo, foi de vida curta.
No século treze seu uso foi reanimado pela seita
Fuke de budismo que procurou substituir canto sutra pelo
canto Zen Sui.
Foi no período Edo (1603-1867) que esse instrumento
chegou a sua fase final e mais decisiva do desenvolvimento.
Durante esta era, marcada pela desintegração
do Japão feudal o shakuhachi foi favorecido pelo
aumento dos números de guerreiros samurai desarraigados
(ronin) que se juntaram como pregadores itinerantes “askomuso”
conhecidos como ("os Sacerdotes da Vacuidade ou do
Nada").
Os Komuso usavam grandes cestos (tengai) por cima das
suas cabeças para simbolizar o seu desinteresse
pelo mundo.
As violentas lutas de clãs que marcaram o fim do
16º século forçaram alguns komuso a
organizar-se em uma sociedade de autoproteção.
Os membros do “Fukeshu” procuraram enganar
o xógum (líder militar) supremo de Japão
com documentos forjados que lhes davam direitos exclusivos
de tocar o shakuhachi e solicitar a esmola com ele.
Em troca deste privilégio eles aceitaram espiar
as atividades de outro ronin.
A lenda diz que estes komuso, proibidos de transportar
as suas espadas honradas, redesenharam o shakuhachi da
raiz do bambu mais longo e mais forte para usa-lo como
uma arma bem como um instrumento da obtenção
do espiritual.
Mais info
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Clique nas imagens abaixo para ver a
reportagem (em inglês).

Flauta encontrada em escavação
no sítio arqueológico de Yugüe, na costa
do pacífico em Oaxaca, México em 2003, datada
de 100 a 250 anos DC. |
 
As antigas civilizações
que habitaram as regiões Andinas também deixaram
um legado muito rico no que diz respeito a flautas. Veja
algumas imagens abaixo.
O Link abaixo lhe direcionará até
um site em espanhol que explica a historia das quenas e
zampoñas, além de fornecer partituras de várias
musicas já adaptadas para a quena e zamponha.
http://jlfeijooi.en.eresmas.com/quena/quena.htm |
A quena à esquerda, a antara e
a zampoña ou Zamponha abaixo são alguns exemplos
do legado das civilizações pré-colombianas,
sem falar de quase uma dúzia de outros modelos derivados
das mesmas.

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As antaras e zampoñas
também são conhecidas como flauta de pan (flauta
pan), rondador, syrinx, nai rumano, zamponhas, flauta pastoril.
Reza uma lenda andina que
um velho campones, voltando para sua casa, pode escutar os
sons do vento roçando nos bambus quebrados e acariciando
o ouvido com um sem fim de notas, igual a uma orquesta...
Na manhã seguinte,
começou a construir un curioso orgão de vento
dispondo canos de bambu em grupos de diferentes tamanhos onde
o Deus dos ventos fez sentir sua presença soprando
suave os canos do bambu e fazendo soar seu doce lamento.
O link abaixo o direcionará
até um site muito interessante que ensina como fazer
uma flauta Pan ou flauta de pan.
Como
fazer uma Flauta de Pan. |
Outra peça bastante
interessante são as Ocarinas.
Esta peça ao lado cabe
na palma da mão e tem seis furos na parte superior
e dois na parte inferior. Ainda na parte inferior se pode
ver uma cavilha para passar um fio e prendê-la no pescoço
e também o buraco do apito (quadrado).
Existem ocarinas que chegam próximas
ao tamanho de um cantil, mas é um instrumento interessante
em todos os tamanhos e formas.
 
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Os
Chineses tem um tipo de instrumento que lembra muito a Ocarina,
ele é chamado Xun.
O Xun é uma flauta globular chinesa feita de barro
ou cerâmica, semelhante a uma ocarina mas sem um fipple,
(apito).
É também um dos instrumentos chineses mais antigos.
O Xun é feito em vários tamanhos e tem forma
de um ovo.
Ele tem um buraco soprador no topo e geralmente oito buracos
de dedo (três para cada mão e um para cada polegar).
O equivalente coreano é o Hun.
Na foto acima os Xun são de 6 furos, quatro na frente
e dois atras.
No Japão, o mesmo tipo do instrumento é chamado
tsuchibue que significa Flauta de Terra.
Os
instrumentos chineses semelhantes, tais como o Wudu e Taodi,
têm um fipple e são o equivalente chinês
da ocarina.
Veja ao lado uma Xun mostrando
o bico de sopro.
Ela é tocada como se
estivessemos soprando o bico de uma garrafa.
Mais
info |
Tarka

Acima temos uma Tarka, uma peça da
minha coleção bastante interessante, com 50
centimetros de comprimento esculpida com motivos Incas.
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As tribos Brasileiras e
Norte-americanas não mantinham registros escritos de
seu passado histórico, já que suas tradições
eram transmitidas para as suas gerações futuras
oralmente, por meio de musicas e lendas.
No alto Xingu, Mato Grosso, a tribo Kamaiurá
utiliza a flauta sagrada Curutaí em seus rituais de
cura.
Veja como é feita uma flauta de bambu.
http://www.sammytedder.com/rvrcane1.htm
Já as tribos Norte-americanas possuem
flautas para rezas sagradas e para canções de
amor.
As flautas dos nativos norte americanos se
assemelham no que diz respeito à riqueza de sons às
flautas dos povos Andinos, pois pela forma que são
feitas, elas podem produzir uma quantidade quase infinita
de sons, ou melhor, de notas musicais.
Eu particularmente prefiro as flautas das
tribos norte-americanas pela suavidade do seu som e pelas
linhas suaves que lhe dão forma. Veja fotos abaixo. |

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É
meu desejo que essa página tenha lhe ajudado a entender
um pouco mais sobre esse instrumento, que no meu ponto de
vista, para quem o toca, é um retorno ao contato com
sua ancestralidade e espero que as informações
contidas aqui tenham sido um bom alimento para sua mente e
seu Espirito.
Caminhe
em paz!
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